Silva Palmeira nasceu em 1934 na cidade de Santarém e começou a sua atividade artística em 1948. Cumpriu o serviço militar na Índia, onde participou na sua primeira exposição em Goa, em 1957. Acompanhou desde o início o Centro Português de Serigrafia, onde editou cerca de 40 distintas obras, incluindo a série Encantos da Linha de Fronteira e a serigrafia que mais cores teve na história do CPS, O Carmo e a Trindade, 102 cores e quatro meses de trabalho de impressão. Silva Palmeira tem tido o reconhecimento dos Sócios nos projetos que desenvolveu para serigrafia, abordando essencialmente a paisagem. A edição que justifica a capa da revista Arte Inverno 2018-19, assinala uma outra temática que o artista desde os anos 70 vem desenvolvendo, um dos seus mais emblemáticos corpos de trabalho, onde tem dialogado com as belíssimas gravuras eróticas japonesas do séc. XVIII e séc. XIX e desenvolvido uma poética sensual de matriz transcultural que o próprio define como “fusões ou sincretismos”.
A maioria das edições efetuadas com o CPS refletem sobre a paisagem, urbana ou rural. Qual a importância desta nova edição?
A importância desta nova edição é, para mim, um marco relevante visto ser, desde há muito, um movimento e uma mensagem que reflete a minha experiência nas viagens que tenho feito e em todo o estudo do significado da arte como filosofia dos povos.
O que o motivou para este diálogo oriente-ocidente?
Sempre fui motivado pelo encontro de culturas. O Japão no conceito milenário, na beleza e na diferença, inspirou-me para uma nova realidade de sensibilidade poética.
Que importância atribui à obra gráfica e ao múltiplo no contexto da sua obra?
A importância da obra gráfica e do múltiplo na minha obra é verdadeiramente relevante e o CPS tem sido o apoio de sempre para o reconhecimento do meu trabalho em vários sectores do mundo artístico e na convivência com as pessoas.
O que gostaria de transmitir aos jovens colecionadores e apreciadores da sua obra?
Tenho um apelo à juventude: para olhar a vida com um sentido onde a arte é um meio para entendermos melhor a sociedade e que esta fica mais rica de conteúdo e de saber. Espero que a minha obra possa contribuir minimamente para isso.
De que forma a convivência direta com a arte contribui para o aperfeiçoamento da sociedade contemporânea?
A obra gráfica tem a faculdade de chegar numa primeira abordagem ao apreciador, e possível colecionador, por ser mais fácil de adquirir. E, culturalmente, alargar o gosto pela arte, criando uma sociedade mais valiosa em sensibilidade e contribuindo para um mundo melhor.