- Linogravura
- Papel Fabriano Rosaspina Avorio 285gr
- Mancha: 30 x 22 cm
- Suporte: 50 x 35 cm
- Data: 2018
- 50 exemplares
- Ref.: G35543
Nota Crítica
A PLENITUDE DE UM DISCURSO AMOROSO AMEAÇADO
Isabel Barahona (Cascais, 1974), artista plástica, professora, tem uma formação em escultura, pintura, vidro e desenho (Ar.Co, 1993/96) e fez a Pós-graduação em Pintura na FBAUL (2005/06). Estudou pintura em Bruxelas e é Doutorada em Artes Visuais pela Universidade Politécnica de Valência. Em 2013, no contexto de um pós-doutoramento, foi bolseira da Universidade Rennes 2 onde desenvolveu uma investigação na origem do projeto de um arquivo on line sobre livros de artista e edição de autor em Portugal. Iniciou o seu percurso artístico em 2001 com uma exposição individual intitulada “mythologies tendo desde então participado em diversas mostras individuais e coletivas, em Portugal e no estrangeiro, entre as quais se destaca em 2018 a mostra coletiva com o título “Ar” no Museu Municipal de Faro. Vasco Vidigal que a seu respeito se pronunciou (Artadentro, Museu Municipal de Faro, 2009/2010) evoca a propósito da série apresentada em 2003 “tu es mon pays” a “memória do processo de fazer” que transforma a superfície pictórica numa “paisagem marcada e reveladora da ação do tempo”. Processo que se aprofunda posteriormente fazendo confluir no espaço de uma intimidade assumida, circunstâncias e fenómenos exteriores. (…) Esta espécie de “deriva introspetiva” passando a utilizar o desenho “como forma privilegiada de investigação e inventariação” da condição feminina. Numa relação sempre assumida entre as coordenadas líricas de um mundo íntimo e maravilhoso e uma realidade invasora e hostil. As quatro linóleogravuras que apresenta atualmente, uma interação entre escritas subjetivas de acentuada vertente lírica com fundos evocadores de impressões digitais refletem as suas preocupações e o seu percurso anteriores. As inscrições de palavras sobre a pele que parece simbolizar aqui o tecido subtil da alma: “agora aqui dizer-te tempo querer-te nós boca”, “tatua-me e canta comigo”, “agora aqui”, “dizer-te querer-te”, “tempo nós”, têm o sentido de um diálogo amoroso desejado e sempre interrompido por todas as vicissitudes exteriores que ameaçam a sua plenitude.
Maria João Fernandes
Nov. 2018