- Esgotado
- Serigrafia
- Mancha: 49 x 74 cm
- Suporte: 70 x 100 cm
- Data: 1999
- 150 exemplares
- Ref.: EX35103
Serigrafia inspirada nos índios do Alto Xingu da Amazónia, com os quais o artista estabeleceu contacto no final da década de 80, acompanhando a rodagem do filme Kuarup de Ruy Guerra.
Nota Crítica
O ESPLENDOR DAS ORIGENS
Pintor, poeta, uma referência da pintura portuguesa contemporânea e da pintura europeia, Júlio Pomar seguiu a rota dos milagres que antes dele, real ou simbolicamente, guiou Gauguin (1848-1903), Matisse (1869-1954), Modigliani (1884-1920) e Picasso (1881-1973) mestres da arte moderna, rumo ao imaginário das civilizações e dos povos primitivos. No final da década de 80, a sua estadia na floresta da Amazónia, acompanhando a rodagem do filme Kuarup de Ruy Guerra e o contacto com os índios do Xingu liga-se à fase a que este trabalho pertence. O pintor chamã assume nestes trabalhos a relação com o lado mágico e profundo da realidade, que define: “o que é próprio do real é abrir-se para o imaginário, o qual por sua vez introduz fendas inesperadas no próprio corpo deste real.” A sua obra reflete então “as cores, as matérias, os vazios e os cheios, as luzes e as sombras” que resultam da magia deste diálogo com uma natureza que guarda o esplendor das suas origens. “Ver, escutar, tocar e sentir”, nas suas palavras, tornam-se todo um programa. Esta sinfonia para os sentidos que exalta o bailado original das formas, a sua beleza e o seu poder estão bem presentes neste trabalho, na paleta exuberante de dominante quente, na energia controlada das formas que escorrem e levitam, definidas e indefinidas, estáticas e dinâmicas, na lição simultânea do desenho e da pintura.
Maria João Fernandes