Cruzeiro Seixas

Sugestões para o Futuro

Nov. 21, 2009 - Dez. 31, 2009
CPS Sede

“…Não sei ainda se crês em certas coisas, como não sei se creio eu nelas. Limito-me a ver, a reparar que passam. Muita imaginação, naturalmente. Mas a imaginação não inventa; liga, coordena. Como tu com as tuas últimas colagens…”

Carta de Cesariny a Cruzeiro Seixas, Paris, 1970.

 

O Centro Português de Serigrafia presta uma vez mais, merecida homenagem a Artur Cruzeiro Seixas, figura máxima do Surrealismo português e um dos expoentes do Surrealismo internacional, com a exposição “Sugestões Para o Futuro” que inaugura nas instalações da sua Sede a 21 de Novembro. A mostra apresenta cerca de vinte colagens originais recentes de Cruzeiro Seixas inseridas na sua particular imagética surrealista.

 

Ao recortar, colar e associar livremente fragmentos de imagens serigráficas com distintos tipos de papel, o artista experimenta os múltiplos sentidos que esta actividade promove e o seu modo de intervir na recriação da visão onírica do mundo. Apesar dos seus oitenta e oito anos de idade, ou talvez por isso, Cruzeiro Seixas persiste na ideia e nas audácias da imaginação motivada pela memória do amor e da juventude, demonstrando ainda a frescura e a vitalidade de sempre. O CPS apresenta ainda em simultâneo, uma edição histórica de seis serigrafias inéditas realizadas com o maior apuro, incluindo gravura a seco e impressão a ouro ou prata, onde o artista recompõe e transfigura alguns dos seus melhores trabalhos.

 

Como complemento à exposição, o artista seleccionou três esculturas de Isabel Meyrelles inspiradas na sua obra.

Sobre a estética patente na actual exposição diz Maria João Fernandes:

“A obra de Cruzeiro Seixas revela-nos um mundo em eterna metamorfose, que não é um espelho do real, mas do seu avesso desconhecido, com o movimento de uma comunhão entre todos os reinos e as suas criaturas, onde nada parece, nunca, ter uma forma definitiva, regime de Eros, de uma alquímica fusão que não impede no entanto de vislumbrar a claridade, a luz dos conteúdos de uma racionalidade devolvida às fontes do imaginário”. Segundo a mesma crítica “na pintura de Cruzeiro Seixas, como na sua poesia, misturam-se os registos do consciente e do inconsciente no seio de um fascinante e fulgurante caleidoscópio de imagens, onde cada um deve procurar, entre a lucidez sonhadora e o sonho lúcido, o fio de Ariadne, capaz de conduzir à chave de um conhecimento secreto, "Última Ciência" que a poesia e a poesia plástica, sempre encerram.” Sobre o artista pronunciou-se o crítico alemão Hellmut Wohl que considera as suas pinturas, colagens e desenhos “o maior, o mais coerente e o mais significativo conjunto de expressão surrealista feito por um artista português.”