Gravura de David de Almeida, um dos mestres da gravura contemporânea, exposta na exposição com o título “Cadência”, patente em 2011 na galeria de exposições temporárias do Centro Português de Serigrafia no Centro Cultural de Belém. O artista desenvolve uma vez mais neste conjunto o original diálogo, característico do seu estilo, com as inscrições pré-históricas. Uma linguagem de sinais plásticos adquirindo sobre os fundos monocromáticos um especial poder de ressonância. As pequenas marcas brancas e circulares, cadenciadas, evocam o ritmo dos pequenos gestos na origem de toda a criação e as incisões que no período neolítico se destinavam ao corte de pedras monumentais. Permeáveis ao sol, ao luar, à chuva, ao orvalho, à modulação das estações, elas são uma paleta do universo. À exposição corresponde o livro homónimo presentemente editado que explora o ritmo da linguagem minimalista das incisões na pedra inspiradas no período neolítico.
Maria João Fernandes
AICA – Associação Internacional Críticos de Arte