UMA SENSUAL E MUITO PARTICULAR APREENSÃO DO VISÍVEL

Jorge Barrote, que vive e trabalha em Lisboa, professor e artista plástico, adquiriu a sua formação no IADE, no ARCO e na Sociedade Nacional de Belas Artes. O seu percurso desde 2015 é marcado por uma figuração com um caráter fantástico e narrativo, inspirada pelo surrealismo, o ocultismo e a alquimia. Com um percurso notável também na área publicitária, foi recentemente distinguido com o Prémio Carreira 2024 pelo Clube de Criatividade de Portugal.

Pressentimos na sua obra o diálogo com grandes clássicos da literatura como as metamorfoses de Ovídio (transfiguração dos homens e dos deuses mitológicos em animais, árvores, rios ou pedras), e com referências da cultura e da pintura ocidentais como o Rapto de Europa de Tiziano (1562) ou os Caprichos de Goya. Alimentam-na os mitos e os temas e símbolos fundadores do imaginário, como Eva, a serpente, evocando o Paraíso, o Touro, ressonância do Minotauro, a árvore, símbolo por excelência do conhecimento e da metamorfose alquímica e o sol, princípio ativo e masculino de uma dualidade hermética fundamental.

O artista tem vindo a desenvolver uma técnica mista muito pessoal recorrendo ao carvão, à aguarela, ao pastel e à grafite (...). As suas flores, delicadas expressões de uma flora imaginal, são parte integrante e fundamental de uma sensual apropriação e apreensão do visível segundo a muito particular estética do autor.

Maria João Fernandes

AICA - Associação Internacional de Críticos de Arte