A melancolia das palavras

João Francisco Vilhena

  • Épuisé
  • Sérigraphie
  • Papier Neutre Conquérant Connoisseur 300gr
  • Taille de l'image: 26x37,5 cm
  • Taille totale: 35x50 cm
  • Nombre de couleurs: 3
  • Date: 2018
  • 50 unités
  • Ref.: S35563

Édition commémorative du 20e anniversaire du prix

du Prix Nobel à Joséé Saramago

 

 

 

JOÃO VILHENA

A MELANCOLIA DAS PALAVRAS

 

No largo périplo do seu diálogo com a literatura, que passou por Fernando Pessoa e Teixeira de Pascoais e envolve um diálogo com a pintura, uma das tendências fundadoras da fotografia do século XX, João Vilhena conduz hoje e sob o signo de José Saramago, que tem alimentado a sua criação nos últimos anos, uma notável reflexão de carácter cósmico e simbólico sobre a figura e a obra do Nobel português, galardoado há 20 anos. O conjunto de trabalhos inaugurado no Centro Português de Serigrafia a 13 de Novembroinclui duas serigrafias de 1998, uma impressa a prata e outra impressa a ouro e inspirada nos Cadernos de Lanzarote, uma gravura, espécie de díptico de 1998 e de 2014 e uma fotografia (2014), impressão digital sobre papel de algodão em 2018, constituindo uma espécie de retrato simbólico e póstumo do consagrado internacionalmente escritor português. Com fundo de lava dos vulcões extintos de Lanzarote, a ilha que foi nos últimos anos o abrigo e a fonte de inspiração do autor de Levantado do Chão. O sentido de libertação, dos condicionamentos e desigualdades sociais que enforma toda a obra de Saramago, também poeta, assume neste conjunto de imagens que na arte de João Vilhena compõem um retrato quase fantasmal, uma dimensão cosmológica e metafísica que propõe um novo horizonte ao seu universo. A solidão destas paisagens de João Vilhena onde se recorta o vulto inesquecível de José Saramago, galardoado há vinte anos com o Prémio Nobel, é a nossa solidão. Colocado em destaque, este vulto que representa o homem intemporal, na grande cena do seu destino, fala da condição visionária do artista, grande espectador expectante de uma ausência que anuncia a Presença. Estamos uma vez mais com o artista no cerne de uma aventura poética, com as suas coordenadas líricas de sempre, o diálogo entre o homem e o universo a que hoje se acrescenta, numa assumida ambiguidade, o divino.

Maria João Fernandes, Poeta e Crítica de Arte (A.I.C.A. Associação Internacional de Críticos de Arte).